14 de janeiro. Fundação Ajuda à Igreja que Sofre alerta sobre a prisão de “espiões sul-coreanos” – eufemismo para o encarceramento de cristãos
Em Dezembro, o Supremo Tribunal da Coreia do Norte condenou um pastor canadiano a prisão perpétua com trabalhos forçados por alegadamente ter praticado “actos contra o Estado”.
Agora veio a saber-se que Hyeon Soo Lim, 60 anos, é obrigado a cavar buracos num pomar, durante oito horas por dia, não tem acesso aos outros detidos no campo de concentração onde se encontra, e foi-lhe recusado, até ao momento, ter acesso, como solicitou, a um simples exemplar da Bíblia.
Hyeon, que ostenta agora como identificação o número “036”, tem graves problemas de saúde, nomeadamente “pressão arterial alta”, segundo revelaram elementos da igreja no Canadá, manifestamente preocupados com as notícias da sua prisão e da condenação a trabalhos forçados.
Antes da detenção, este pastor canadiano mas de ascendência sul-coreana, terá realizado mais de uma centena de visitas à Coreia do Norte onde terá promovido a construção de um orfanato e de lares de idosos.
A condenação a prisão perpétua de Soo Lim ocorreu depois de ter alegadamente “confessado” o seu “crime”.
Tal como a Fundação AIS revelou no início de Agosto, Soo Lim afirmou, numa “conferência de imprensa” na capital da Coreia do Norte, a sua participação numa campanha “subversiva” contra este país comunista, pretendendo “derrubar o governo” e a criação de um “estado religioso”.
Têm sido vários os cristãos detidos na Coreia do Norte nos últimos tempos, quase sempre sob a acusação de conspiração contra o regime de Pyongyang.
No caso mais recente, conhecido apenas esta semana, o regime de Pyongyang terá detido um cidadão norte-americano identificado como Kim Dong Chul.
A Fundação AIS deu conta, no final de Março do ano passado, da detenção de outros dois “espiões sul-coreanos” – eufemismo para o encarceramento de cristãos – que actuavam no país e sobre os quais recaíam acusações de propaganda contra o regime e de roubo de segredos de Estado.
Um dos acusados, Kim Kuk-gi, de 60 anos, era visado directamente por “espalhar propaganda religiosa em igreja clandestina” na Coreia do Norte.
O outro detido, Choe Chun-il, de 55 anos, pertenceria, alegadamente, “a uma rede de espionagem sul-coreana”, baseada na cidade chinesa de Dandong, perto da fronteira com a Coreia do Norte.
A Coreia do Norte tem igualmente nas suas prisões o missionário sul-coreano Kim Jeong-wook, também acusado de espionagem e que foi condenado em outubro de 2013 a trabalhos forçados.
Jeong-wook procurava dar abrigo e alimentos a norte-coreanos que tentavam abandonar o país pela fronteira com a China.