Em quase 100 cidades do Brasil ontem, domingo, 13, os brasileiros sairam às ruas para se manifestarem contra o atual governo, afundado em profundas crises. “Isso é uma resposta categórica da população que está engajada e atenta às decisões políticas do nosso país. O tema é claro, combate à corrupção”, disse à ZENIT Jailton de Almeida, filósofo, professor de ética e um dos líderes do Vem Pra Rua no Brasil.
Acompanhe a entrevista abaixo, na qual Jailton fala para os nossos leitores sobre a postura da grande mídia nacional, das redes sociais, e da população no geral com relação a essas manifestações populares.
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ZENIT: Como você avalia a manifestação de ontem?
Jailton de Almeida: Ontem presenciamos um milagre da democracia, em uma semana convidamos a população para irem ás ruas e veja só o resultado, milhares de pessoas em todo Brasil em quase 100 Cidades. Isso é uma resposta categórica da população que está engajada e atenta às decisões políticas do nosso país. O tema é claro, combate à corrupção, a maior preocupação do brasileiro, manifestada em passos claros para combatê-la, Primeiro tirar o governo com o maior histórico de corrupção que já tivemos e também com o pior desempenho na gestão da coisa Pública. O Impeachment aclamado em todo Brasil no passado dia 13 é, sem dúvidas, um primeiro passo no combate á corrupção e à impunidade de políticos corruptos e corruptores.
ZENIT: E a postura da grande mídia nacional?
Jailton de Almeida: A Grande Mídia trata com desdém e superficialidade a principal pauta do nosso país, o combate à corrupção e o Impeachment, tentando desqualificar os protestos ocorridos no ano de 2015, relacionando o êxito desse processo à quantidade de pessoas nas Ruas.
O erro é tanto de perspectiva quanto de análise, de perspectiva pois importante é reconhecer que estamos passando pelo maior processo de amadurecimento da democracia que o Brasil já viveu. Os brasileiros de todos os estados e de todos os estratos sociais estão pendentes da vida política do país, acompanha, discutem e tomam atitudes significativas para corrigir os erros políticos que os afetam, esse engajamento é uma novidade na nossa cultura política e traz excelentes perspectivas para o futuro político do Brasil, certamente um estado com cidadãos mais conscientes e ativos. O Brasil da Corrupção ainda é o mesmo, infelizmente, mas os brasileiros, hoje, somos outros.
O erro de analise que a imprensa comete é de não valorizar esta, que já é a maior sequencia histórica de mobilizações de rua do Brasil, seja em quantidade de pessoas como também em quantidade de cidades envolvidas. Naturalmente que isto é um sintoma da causa essencial que, essa sim, deve ser super valorizada, O BRASIL dos novos cidadãos politicamente ativos. O que difere do passado é que estes, não são massa de manobra de sindicatos e nem de partidos políticos, são brasileiros críticos e atuantes que decidiram fazer sua parte, mérito absoluto da população brasileira.
ZENIT: E a postura das redes sociais, como, por exemplo, o facebook, que bloqueou o perfil do Movimento Vem pra Rua no sábado?
Jailton de Almeida: Não há hoje no Brasil nenhuma instituição formal ou informal que consiga se comunicar com tanta efetividade com a população e em tão pouco tempo, vide as manifestações deste passado Domingo dia 13, no qual tivemos somente uma semana de divulgação e a população correspondeu ao nosso chamando de forma admirável. Tudo isso graças aos mais de 10 milhões de pessoas que acessam nossas páginas por semana e dos incontáveis grupos de Whatsapp e Telegram que compartilham para milhões de pessoas os conteúdos por nós criados.
ZENIT: Qual a idade da maioria dos manifestantes?
Jailton de Almeida: O público é bem variado, mas predomina um publico economicamente ativo, de 25 a 45 anos, os universitários estão começando a engrossar o movimento com sua adesão, o que será muito bom para a perenidade desse processo de amadurecimento da população.
ZENIT: Quantos foram às ruas, em Brasília?
Jailton de Almeida: Neste passado Domingo dia 13 tivemos um surpreendente e bom resultado de 15 mil manifestantes em um prazo de apenas 7 dias de divulgação. Isso demonstra a força da pauta do Impeachment para a população.
<p>ZENIT: E, proximamente, haverá mais manifestação?
Jailton de Almeida: Estaremos atentos aos cenários políticos e para a agenda do Congresso que será decisiva para nossas próximas ações, teremos no início de março uma grande manifestação, certamente a maior de todos os tempos. O Brasil tem pressa de sair dessa fase de desgoverno e de corrupção institucionalizada na qual nós nos encontramos.
Já foi preocupante o tema da corrupção quando os agentes públicos tinham muita facilidade em corromper-se, hoje é alarmante e triste, pois eles agora têm dificuldade de serem honestos.
ZENIT: O que se espera dessa manifestação de ontem?
Jailton de Almeida: Essa manifestação foi emblemática para fecharmos o ano com um ato massivo de apoio ao processo de impeachment, que constitui um passo nessa longa jornada de luta contra a corrupção.
ZENIT: Você tem dados a nível nacional, de cidades e números de manifestantes?
Jailton de Almeida: Foram quase 100 cidades, e milhares de pessoas nas ruas uma aula de civismo e democracia.