(ZENIT – Cidade do Vaticano, 20 Jun. 2017).-Na igreja paroquial de San Pedro, na cidade de Bozzolo, o Papa Francisco se deteve para rezar no túmulo de don Primo Mazzolari. E solicitou seguir o modelo deste sacerdote “incómodo”, próximo dos pobres e sempre em busca dos “distantes”. Foi nesta quarta-feira, na visita que o Pontífice fez no norte e centro da Italia.
O Papa Francisco, sobre don Mazzolari, indicou que os traços deixados por sacerdotes assim são “luminosos”, “embora incómodos ” e reiterou que “os párocos”, quando “são o rosto de um clero não-clerical”, são “a força da Igreja na Itália”.
“Don Ma zzolari não foi um nostálgico pela Igreja do passado, mas procurou mudar a Igreja e o mundo através do amor apaixonado e a dedicação incondicional. No seu escrito “A paróquia”, ele propõe um exame de consciência sobre os métodos do apostolado, convencido de que as faltas da paróquia do seu tempo eram devidas a um defeito de encarnação”, disse.
E indicou três estradas que desviam da direcção evangélico: o “deixar andar “, o “não sujar-se as mãos” olhando o mundo através da janela. “Esta atitude deixa a consciência limpa, mas não tem nada de cristão”. O segundo método errado, observou o Papa, é o do ” activismo separatista”. “Todo o empenho é em criar instituições católicas”, tais como bancos e cooperativas, mas se corre o risco de estar com “uma comunidade cristã elitista” que favorece “interesses e clientelas com uma etiqueta católica”. O terceiro erro, disse ainda o Pontífice, é o “sobrenaturalismo desumanizador”, a tentação do espiritualismo que prefere as devoções ao apostolado.
Ele foi justamente definido o “pároco dos distantes” porque sempre os amou e procurou, se preocupou não de definir sobre a mesa um método de apostolado válido para todos e para sempre, mas de propor o discernimento como via para interpretar o espírito de cada homem”.
“E se, por essas aberturas, era chamado à obediência ele vivia-a de pé, como um adulto, e ao mesmo tempo de joelhos, beijando a mão do seu bispo, que nunca deixava de amar”.
“Encorajo-vos, irmãos sacerdotes -continuou o Santo Padre- a escutar o mundo, aqueles que vivem e trabalham nele, para assumir todos os pedidos de sentido e de esperança, sem medo de atravessar desertos e zonas de sombra. Assim, podemos tornar-nos Igreja pobre, para e com os pobres, a Igreja de Jesus. Don Primo define a existência dos pobres uma “existência incómoda” e a Igreja precisa de se converter ao reconhecimento da sua vida para amá-los assim como eles são”.
Porque viveu “como um sacerdote pobre, não como um pobre sacerdote”. E “a credibilidade do anúncio passa pela simplicidade e pobreza da Igreja”. Só assim se poderá trazer de volta “a pobre gente” na sua Casa e não fazendo proselitismo, atitude que não é “cristã”.
“Sede orgulhosos por terdes gerado ‘sacerdotes assim’, e nunca vos canseis de serdes também vós sacerdotes e cristãos assim, mesmo que isso exija lutar consigo mesmo, chamando por nome as tentações que nos rodeiam, e deixando-nos curar pela ternura de Deus”, foi o invite de Francisco à comunidade de Bozzolo.
“Se tivésseis de reconhecer que não aprendestes a lição de don Mazzolari, convido-vos hoje a recolher este tesouro. O Senhor, que sempre despertou na santa Mãe Igreja pastores e profetas segundo o seu coração, nos ajude hoje a não ignorá-los novamente. Porque eles viram muito longe, e segui-los, nos teria poupado sofrimentos e humilhações” disse.
O Papa concluiu suas palavras lendo una oração de don Mazzolari.